Rogério Jeremias de Simone,
o Gegê do Mangue, maior liderança
do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas
ruas, foi assassinado em uma suposta
emboscada na reserva indígena de
Aquiraz, a 30 quilômetros de Fortaleza, no Ceará. Com Gegê, também
foi encontrado morto Fabiano Alves de Souza, o Paca. O Ministério Público de São
Paulo suspeita que o crime tenha sido motivado por disputas internas da facção.
As
mortes teriam ocorrido na madrugada de sexta-feira, e os corpos foram
encontrados na manhã seguinte. Testemunhas relataram à polícia cearense que um
helicóptero pousou na região e logo depois foram ouvidos uma sequência de
disparos. Investigadores paulistas acreditam que tenha sido montada uma
emboscada contra Gegê e Paca.
Os
corpos só foram identificados horas depois, mas a mensagem se espalhou
rapidamente pelo sistema prisional paulista dando conta da morte de Gegê.
Duas
hipóteses principais estão sendo consideradas para o caso. A primeira, apontada
por integrantes do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP
de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, é que a morte de Gegê tenha
ocorrido em represália ao assassinato Edilson Borges Nogueira, o Biroska, que
aconteceu em 5 dezembro na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. Ele possuía
funções na Sintonia Final, cúpula da facção, e foi morto a golpes de estilete.
Outra
possibilidade é que, na rua, Gegê estava ganhando mais poder do que os líderes
presos do PCC desejavam. “Acredito que o Gegê tenha crescido demais e agiram
para cortar essa liderança. Na rua, era o membro mais forte que o PCC tinha”,
disse o procurador de Justiça do MP paulista Márcio Sérgio Christino, que atuou
em investigações contra o PCC na década de 1990 e nos anos 2000.
Ele
é autor do livro Laços de Sangue, a história secreta do PCC, e diz que ações
como essa permeiam a história da facção. “Quando isso acontece, a parte vencedora
já tem tudo preparado. A morte não é o início de algum plano, é o final, a sua
concretização”, disse.
Paradeiro
Acreditava-se
que Gegê estava comandando negócios do PCC atuando fora do país, principalmente
na Bolívia e no Paraguai. “Essa é a hipótese mais provável. Ele não estava no
Ceará, mas foi levado para lá”, disse Christino. Em fevereiro do ano passado, a
Justiça expediu alvará de soltura em favor de Simone em razão da demora no
julgamento de um caso de assassinato.
No
mês seguinte, ele seria condenado a 47 anos, e desde então era considerado
foragido. Ele respondia a pelo menos 11 processos por homicídio, formação de
quadrilha e tráfico de drogas, entre outros crimes.
A
soltura do acusado havia sido obtida porque em nenhum dos outros processos a que
responde houve decreto anterior de prisão provisória. Antes da decisão no
processo de Presidente Venceslau a defesa de Gegê já havia conseguido reverter
no Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão relativa a outra acusação de
homicídio, que foi cometido em 2004 na favela do Sapé, no Rio Pequeno, zona
oeste de São Paulo. Ele, em parceria com Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka,
são acusados de ordenar, por celular, um duplo homicídio.
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