O secretário da Segurança
Pública e Defesa Social do Estado, André Costa, se disse contra o decreto do
presidente Jair Bolsonaro (PSL) que
regulamenta a aquisição e o porte de armas de fogo no País. André
antecipou ainda que houve "redução fortíssima" no número de
homicídios no Ceará, em maio. As declarações foram dadas durante reunião do
Colégio Nacional dos Secretários de Segurança Pública (Consesp) que ocorre em
Fortaleza nesta quinta e sexta-feira, 30 e 31.
"Apesar de ser
cumprimento de campanha, para nós (o decreto) não é algo positivo, dentro das
políticas de segurança pública. No Ceará, temos incentivo forte para retirar
armas de circulação. Não é uma solução para a segurança pública. Tanto é que o
Ceará vem reduzindo homicídios há 14 meses sem necessidade de as pessoas
estarem armadas nas ruas", pontuou André Costa.
No mínimo, são pagos R$ 400
por arma e R$ 2 por munição devolvida à Polícia cearense.
Maurício Teles Barbosa,
presidente do Consesp e secretário da Segurança Pública da Bahia, explica que o
porte e posse de armas dentro das políticas de segurança pública são temáticas
discutidas no evento do Colégio.
"O meu entendimento é que
isso vai prejudicar a segurança pública. Apesar de o ministro Sérgio Moro
(Justiça) dizer que não é uma política de segurança pública, é o contrário.
Traz consequências negativas. Ampliar demasiadamente isso é um risco. Temos uma
preocupação imensa com isso. Enquanto a gente está querendo tirar arma de
circulação, estamos abrindo uma porta enorme para o desvio de armas e
munições", concorda Maurício.
Ele dialogou ainda sobre o
possível aumento de acidentes domésticos, atentados, feminicídios e crimes em
"situação passional" com a facilidade da posse de armas. Ele
lembrou o massacre de
Suzano, onde dez adolescentes morreram no último dia 13 de março.
Reunião do Consesp
Objetivos do evento são
discutir as políticas de segurança pública, compartilhar experiências entre o
colegiado e uniformizar entendimento das boas práticas relacionadas. A
aplicação do Fundo Nacional de Segurança Pública e pacote Anticrime também
foram pauta. Representantes de 17 estados participaram.
Reunião do Colégio Nacional
dos secretários de Segurança Pública (Consesp) (Foto: Aline Freires/SSPDS)
"Grande problema é o
financiamento da segurança. É uma pauta prioritária. Precisamos trazer novos
recursos, ampliar o orçamento e ter critérios mais justos de repartição desses
recursos", sugere Maurício.
André Costa disse que
Fortaleza foi escolhida para sediar a reunião após destaque nacional na gestão
inteligente de tecnologias e aplicação de estratégias, as quais impactaram na
redução dos índices criminais.
De acordo com o secretário
cearense, maio talvez seja o mês com o menor número de homicídios deste ano. Os
números oficiais devem ser divulgados na próxima semana.
Nesta sexta, 31, inovações em
Ciência e Tecnologia atreladas à área da segurança pública serão tema de
palestra. "O que nasceu no Ceará vai virar modelo nacional. Vamos
demonstrar ferramentas tecnológicas, principalmente sobre integração de dados
civis e criminais", completou André.
Via Jornal Opovo