O iate do ex-piloto Nelson Piquet, tricampeão de Fórmula 1, foi encontrado em um possível processo de desmanche no litoral do Ceará.
Recentemente, o site francês Linfo Web, especializado em estatísticas, listou o Pilar Rossi, do brasileiro Nelson Piquet, entre os 10 veleiros mais caros do mundo. Parecia fazer sentido. Afinal, o trimarã, de 64,35 metros de comprimento (211 pés), estava avaliado em 59 milhões de euros. Naqueles mesmos dias, sem que ninguém soubesse das suas intenções, o ex-piloto, tricampeão mundial de Fórmula 1, já havia deslocado o seu iate para Camocim, cidade litorânea do Ceará localizada próxima Jericoacoara, onde possivelmente passou por um processo de desmanche.
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Foto: Pilar Rossi sendo docado |
Leitor de NÁUTICA, o cearense Adauto Correa Motta Júnior, que mora em Camocim, nos enviou as fotos que ilustram esta reportagem e escreveu alertando: “O Pilar Rossi teve seu fim decretado na placidez do Rio Coreaú, em Camocim, Ceará, naquele que talvez seja o estuário mais bonito do estado”. Seria verdade? Imediatamente, entramos em contato com Piquet, para saber quais são os seus planos para o trimarã. Porém, até agora, ele não nos respondeu, apesar de nossas mensagens insistentes.
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Foto: Barco Pilar Rossi |
Ao mesmo tempo, entramos em contato com jornalistas da região, como André Martins, do blog de Camocim, que confirmou a informação de que o iate estava lá, em seco, mas não soube precisar se em processo de desmanche ou a caminho de uma grande reforma. “Há dois meses, o barco foi desprovido do seu mobiliário, embalado em contêineres e seus mastros, antes visíveis de grande parte da cidadela, foram arriados”, explicou.
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Foto: Pilar Rossi após mudança |
Para docar a embarcação, Nelson Piquet teria alugado uma área que, nas décadas de 1930 e 1940, servia de base para hidroaviões que faziam escala em Camocim. Durante um tempo, nessa área, foi montada uma pequena empresa de reparos em embarcações offshore, e alguns rebocadores passaram por manutenção ali.
Atento à movimentação no estaleiro improvisado, no bairro de Areal, Adauto Correa voltou a nos enviar notícias sobre o trimarã, acompanhadas de imagens que não deixam dúvida: Pilar Rossi teve um fim melancólico!
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Foto Pilar Rossi |
“Conversei com um rapaz que participou da operação e ele confirmou que o Pilar Rossi mesmo foi desmontado. O barco foi cortado no maçarico e a ‘pedaceira’ está solta na beira do rio. Não há mais nada”, garante. “Além disso, na retirada dos mastros, um deles se soltou do guindaste e ficou avariado”, ressalta Adauto.
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Barco Pilar Rossi |
Segundo Adalto Correa — que pretende desenvolver um estudo sobre as embarcações do litoral cearense — há algum tempo falou-se que o Piquet pretendia investir na região, com planos de montar um estaleiro. “Seria muito bom, uma vez que as águas são muito abrigadas, o fundeio é espetacular e o clima super adequado à construção de embarcações”, avalia. Porém, esses planos ficaram em suspensos, possivelmente por conta da crise financeira do país. Ironicamente, aquelas mesmas águas foram testemunhas do desmanche do seu famoso iate.
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Parte do barco Pilar Rossi |
Nelson Piquet: um apaixonado por barcos
Na década de 1990, já aposentado das pistas, o ex-piloto de Fórmula 1 passou a assinar uma coluna sobre automobilismo no jornal O Estado de S. Paulo, toda segunda-feira, na qual também recordava algo que tinha acontecido com ele em épocas passadas. Em uma das colunas, o tricampeão apresentou um texto delicioso, com o título De vento em popa, em que contou um pouco de sua vida náutica e sua iniciação na vela.
Nelson Piquet:
“Ao lado dos carros, sempre gostei muito de barcos. O primeiro que tive foi uma lancha (chamada Piquet, original, né?) com motor de popa, que usava para esquiar no Lago Paranoá, em Brasília. Depois, comprei outra lancha, maior e muito mais rápida (que saudade da Bang Bang), que guardava em Angra dos Reis e usava uma vez por ano, quando voltava ao Brasil. Na Europa, fui morar em Monte Carlo e convivia diretamente com aqueles barcos todos que tem por lá. Não demorou muito e resolvi comprar um.
Botei na cabeça que iria aprender a velejar e comprei um veleiro. Era um Swan de 36 pés, muito bonito (como todo Swan) e bem cuidado (o seu dono original era um cara muito caprichoso) com um nome imponente de Le Must, que conservei. Como nunca tinha tido um veleiro, a primeira coisa que fiz foi sentar com o antigo proprietário e aprender tudo que podia com ele, porém ser dar na vista que era um capitão de primeira viagem. Foi o que fiz e logo depois estava já ao largo do Principado, em Pleno Mediterrâneo, de velas enfunadas.
Bem no início, me atrapalhei um pouco, mas logo, logo, estava lá fazendo “tacks” e “jibes” com desenvoltura, um verdadeiro aprendiz de Torben Grael. Já me sentia pronto até para participar de a America’s Cup de tanto que estava à vontade no timão. E olha que tudo isso era só no primeiro dia, já imaginaram?”
“Ao lado dos carros, sempre gostei muito de barcos. O primeiro que tive foi uma lancha (chamada Piquet, original, né?) com motor de popa, que usava para esquiar no Lago Paranoá, em Brasília. Depois, comprei outra lancha, maior e muito mais rápida (que saudade da Bang Bang), que guardava em Angra dos Reis e usava uma vez por ano, quando voltava ao Brasil. Na Europa, fui morar em Monte Carlo e convivia diretamente com aqueles barcos todos que tem por lá. Não demorou muito e resolvi comprar um.
Botei na cabeça que iria aprender a velejar e comprei um veleiro. Era um Swan de 36 pés, muito bonito (como todo Swan) e bem cuidado (o seu dono original era um cara muito caprichoso) com um nome imponente de Le Must, que conservei. Como nunca tinha tido um veleiro, a primeira coisa que fiz foi sentar com o antigo proprietário e aprender tudo que podia com ele, porém ser dar na vista que era um capitão de primeira viagem. Foi o que fiz e logo depois estava já ao largo do Principado, em Pleno Mediterrâneo, de velas enfunadas.
Bem no início, me atrapalhei um pouco, mas logo, logo, estava lá fazendo “tacks” e “jibes” com desenvoltura, um verdadeiro aprendiz de Torben Grael. Já me sentia pronto até para participar de a America’s Cup de tanto que estava à vontade no timão. E olha que tudo isso era só no primeiro dia, já imaginaram?”
Em outro momento, Piquet explicou os motivos de morar a bordo de seu iate, o Pilar Rossi, em Mônaco: “Nunca quis ter casa fixa na Europa. Então, tive a ideia de morar num barco, porque poderia mudar de endereço toda hora, com puta conforto. Em 10 dias, morava em Mônaco, na Riviera Francesa e em Malta. A necessidade de morar num barco era por não ter raízes na Europa”, diz o ex-piloto.
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