Pelo menos sete
países da América Latina anunciaram,
nesta sexta-feira, 23, que vão investigar o suposto pagamento de propina de
executivos da empreiteira brasileira Odebrecht,
investigada na Operação Lava Jato,
em troca de vantagens em contratos públicos.
As medidas foram
tomadas em reação à divulgação de documentos nos quais o Departamento do Estado
dos Estados Unidos confirmou que a Odebrecht pagou mais de US$ 1 bilhão, cerca
de R$ 3,3 bilhões, em propina a funcionários de governos em 12 países.
As informações
foram divulgadas na quarta-feira (21) após a confirmação de que anúncio de que
a empreiteira assinou acordo de leniência com autoridades do Estados Unidos,
Suíça e do Brasil simultaneamente.
Peruano
nega propina
O presidente do
Peru, Pedro Pablo Kuczynski, negou ter recebido dinheiro quando era presidente
do Conselho de Ministros no governo do ex-presidente Alejandro Toledo, que
ocupou o cargo entre 2001-2006. Kuczynski disse que apóia a investigação sobre
as denúncias.
"Eu posso
garantir que não recebi nada, nem sei de nada. Obviamente, deve-se investigar
tudo isso e sou a favor de uma profunda investigação", disse.
Diante das novas
denúncias, a procuradoria do Peru decidiu reabrir uma investigação na qual
Kuczynski foi acusado de favorecer a Odebrecht em uma concessão pública durante
o período em que ocupou cargo no Conselho de Ministros.
Equador
investigará propina
O governo do
Equador anunciou que pediu ao Ministério Público que investigue supostos
pagamentos de propina pela Odebrecht no país. Uma das principais obras feitas
pela empreiteira foi a construção do metrô da capital, Quito.
Em 2008, o atual
presidente, Rafael Correa, expulsou a Odebrecht do país sob a alegação de que
houve irregularidades da usina hidrelétrica de San Francisco, financiada com
recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Colômbia
cancelará contratos
Por meio do
secretário de Transparência da Presidência da República, Camilo Enciso, a
Colômbia anunciou que vai cancelar todos os contratos nos quais ficar
comprovada que a Odebrecht pagou propina.
"No momento
em que for demonstrado de maneira clara que houve pagamento de subornos, o
estado colombiano não duvidará de nenhuma maneira em tomar as decisões
necessárias para terminar de maneira unilateral seus contratos e para evitar
que a Odebrecht continue tendo negócios no país", disse Enciso.
Argentina
pede informações a investigadores
Na Argentina, o
órgão responsável pelo combate à corrupção informou que pediu informações à
força-tarefa de investigadores da Lava Jato para obter informações mais
detalhadas sobre as denúncias de que US$ 35 milhões foram pagos em propina para
funcionários públicos entre 2007 e 2015, fato que teria ocorrido durante o
governo da ex-presidente Cristina Kirchner.
Oposição
da Venezuela vai apurar denúncias
Na Venezuela,
parlamentares oposicionistas ao governo do presidente Nícolas Maduro afirmam
que vão investigar as denúncias por meio da Comissão de Controladoria do
Parlamento.
As suspeitas são
sobre supostos pagamentos de propina a funcionário do governo de Maduro e do
ex-presidente Hugo Chavez.
Panamá
anuncia punição
O governo do
Panamá prometeu processar e punir integrantes do governo, que teriam recebido
mais US$ 59 milhões em propina. O Ministério Público local informou que pedirá
informações aos Estados Unidos sobre o caso.
México
abre investigações
O governo
mexicano e a Pemex, estatal petrolífera, informaram que abriram investigação
para apurar o suposto pagamento de aproximadamente US$ 10 milhões para que a
Odebrechr fosse beneficiada em contratos da estatal.
O
outro lado
Ao assinar o
acordo de leniência com autoridades dos Estados Unidos, Brasil e Suíça, a
Odebrecht divulgou nota à imprensa na qual pede desculpas e diz que "se
arrepende profundamente da sua participação nas condutas que levaram a este
acordo e pede desculpas por violar os seus próprios princípios de honestidade e
ética.”
No comunicado, a
Odebrecht diz que "permanecerá cooperando com as autoridades e adotará as
medidas adequadas e necessárias para continuamente aprimorar seu compromisso
com práticas empresariais éticas e de promoção da transparência em todas as
suas ações."
Agência
Brasil
Com
informações da AFP