Em depoimento
prestado em juízo, o deputado federal Heitor Freire (PSL/CE), que já
integrou um núcleo próximo ao presidente Bolsonaro, revelou a existência de um grupo conhecido
como “gabinete do ódio”. O grupo coordenaria ações
nacionais e regionais de propagação de 'fake news' e ataques
a figuras públicas e instituições. As informações prestadas pelo
parlamentar cearense constam na argumentação presente na decisão de
hoje, do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que resultou em operação da
Polícia Federal.
A ação determinou cumprimento de mandados de busca e
apreensão contra blogueiros, parlamentares e empresários, todos com
ligações ao governo Bolsonaro e ao próprio Palácio do Planalto.
O inquérito investiga a
existência do grupo que, segundo o ministro, coordenaria ações como
a “disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a
diversas pessoas, às autoridades e às instituições
democráticas, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante
conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade
institucional e democrática”, revela o ministro no inquérito ao qual esta
coluna teve acesso.
No depoimento, Heitor Freire,
eleito deputado federal em 2018 por meio do movimento bolsonarista no
Ceará, confirmou a existência do chamado “gabinete do
ódio”, apontando inclusive nomes dentro da estrutura. Segundo
Heitor, no depoimento, o grupo “se especializou em produzir e
distribuir fake news contra diversas autoridades, personalidades e
até integrantes do STF”. A atuação, segue o depoimento, consistia em coordenar
nacional e regionalmente a propagação dessas mensagens falsas ou
agressivas.
A estrutura, de acordo com o
depoimento que consta no processo, conta com uma grande quantidade de páginas
nas redes sociais, “que replicam quase instantaneamente as mensagens de
interesse do gabinete”. A organização conta com colaboradores de vários
estados, a grande
maioria sendo de assessores de parlamentares federais e
estaduais.
As informações que ajudaram no
convencimento do ministro Alexandre de Moraes para a operação ocorrida nesta
quarta-feira (27) detalham o que seria a atuação dos grupos. Os
assessores, segundo disse Heitor à Justiça, administram diversas páginas nas
redes e grupos de whatsapp que divulgam postagens ofensivas, quase
sempre orientados “pelo aludido grupo de assessores da Presidência” da
República.
No depoimento, o parlamentar,
que participou da coordenação do movimento político de direita em Fortaleza e
da campanha do presidente Bolsonaro, não
cita o Ceará nominalmente como estado em que o esquema se repete. Ele
apontou Bahia, Pernambuco, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio
Grande do Sul, embora tenha dito ser provável que aconteça em todos os
estados.
Rompimento
O distanciamento de Heitor
Freire do grupo mais próximo do presidente ocorreu em outubro do ano passado,
após o vazamento de uma conversa dele com Bolsonaro. No
episódio, Heitor negou que tivesse vazado a conversa, mas a explicação não
convenceu os aliados mais próximos de Bolsonaro, inclusive aqui no
Ceará, como passaram a tratar Heitor como “traidor”.
Atualmente, Freire mantém
a defesa do governo federal em sua atuação parlamentar, mas de
maneira mais discreta. A informação do depoimento dele circulou em grupos de
whatsapp de apoiadores de Bolsonaro no Estado, o que despertou a ira de
alguns.
Resposta
Por meio de sua assessoria de
comunicação, o parlamentar confirmou o depoimento prestado, mas preferiu não
comentar o assunto.
Via Diário do Nordeste
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